Lixo no Supermercado
Lixo no Supermercado
Entenda por que devemos deixar de usar sacolinhas plásticas
O consumo exagerado e o descarte incorreto das sacolinhas plásticas estão machucando o planeta, poluindo os rios, oceanos, matas, solo… Para se ter uma ideia, somos 190,7 milhões de brasileiros, cada um levando 66 sacolinhas em média para casa todos os dias, totalizando quase 13 bilhões de sacolinhas/dia. Não é apenas eu ou o meu vizinho, somos todos nós, e esta coletividade é que causa danos. Entenda por que:
Elas demoram em torno de 300 anos para se decompor
Contribuem para as inundações nas grandes cidades
São leves, com isso são facilmente levadas pelo vento, sendo jogadas em rios, praças, matas, ameaçando animais e poluindo tudo.
Liberam substâncias tóxicas que acabam contaminando natureza e animais
Hoje os aterros de lixo estão superlotados destas sacolas.
E o que eu faço com o meu lixo?
Esta é a primeira pergunta que me fazem, quando defendo o fim das sacolas plásticas. É muito cômodo apenas colocar uma sacolinha que ganhamos (entre aspas, por que na verdade o custo da sacola está incluso nos produtos) na nossa lixeirinha e pronto. O restante das sacolas que pegamos vai para as ruas, para as praças, voam como pássaros principalmente nos meses de agosto e se transformam numa verdadeira praga, e nós, o que fazemos? Reclamamos que o fim das sacolas está próximo e que não temos o que fazer com o nosso lixo.
Há algumas décadas atrás nós não precisávamos das sacolas para o lixo do banheiro ou da cozinha. Eu sou de um tempo em que o lixeiro despejava o meu lixo do latão no caminhão e ia embora. Claro que os tempos são outros e existem diversas formas de acondicionarmos o lixo. Sem falar que é só comprar sacos de lixo e tá tudo certo, pois os sacos de lixo também poluem, mas se eu compro, eu utilizo somente o que é necessário, diferente das sacolinhas. Você não vê nas ruas ou praças nenhum saco de lixo comprado, vê?
Na internet existem diversas dicas para se fazer a forração com jornal dobrado, que também é uma saída, e usando um pouco de criatividade que todos nós temos de sobra, encontraremos diversas maneiras de resolver o problema do nosso lixo, sem afetar tanto a natureza como vem acontecendo.
Vamos mudar nossas atitudes
Este é um bom momento para mudarmos nossas atitudes. Veja algumas dicas:
Levar sacola retornável para fazer suas compras ou colocá-las em caixa de papelão, hoje os supermercados estão disponibilizando algumas caixas que você pode usar.
Separarmos nosso lixo, mesmo sem a coleta coletiva, a gente pode deixar os recicláveis para o homem da carrocinha, que passa geralmente todos os dias recolhendo itens como garrafas pets, latinhas de cerveja, etc. Além de ajudar a natureza, você colabora com o sustento de famílias inteiras.
Termos disciplina, tendo no carro ou na bolsa sempre uma sacola retornável, pois esta é a grande desculpa de várias pessoas com quem já conversei. Elas afirmam que possuem a sacola retornável, mas esquece em casa.
São pequenas atitudes como esta que vão tirar o planeta do sufoco e deixá-lo mais limpo para as gerações futuras. É um trabalho “formiguinha”, mas que pode se tornar grande se todos aderirem.
Conheça também o trabalho de um grupo de Campo Grande MS, do qual faço parte, que promove o #dia100sacola, distribuindo sacolas retornáveis em troca de sacolinhas plásticas de supermercado usada. Este grupo já tirou da natureza milhares de plásticos. Se na sua cidade, os supermercados ainda estão distribuindo sacolinhas plásticas, espalhe esta ideia.
Eu tenho observado nas redes sociais o número de reclamações de pessoas que são contra a não distribuição de sacolas plásticas pelos supermercados. Muitas vezes, são as mesmas pessoas que retiram centenas de sacolinhas por semana e as deixam por aí, em dias de chuva, fazendo com que cenas lamentáveis aconteçam.
Com uma simples caminhada pelas ruas é possível notar o uso inconsciente de sacolas plásticas. Passei em alguns bueiros hoje, depois da chuva torrencial que caiu sobre Campo Grande, e em todos os que fui, haviam sacolas plásticas enroscadas, algumas com lixo, outras sem nada. Isso reforça ainda mais a minha convicção de que, se não dá pra ser por amor, que seja pela dor. Vamos incentivar os supermercados a não distribuir mais sacolas de forma indiscriminada, como vem acontecendo.
Enquanto a lei não chega em nosso Estado, é importante prestar atenção na forma com que o lixo e as sacolinhas são descartadas: é preciso que as sacolas com o lixo sejam dispostas de forma adequada na rua, para que, em casos de chuva, não sejam carregadas pelas enxurradas e terminem entupindo bueiros, fato que contribui com os alagamentos.
O lixo deve ser colocado na rua em horários próximos aos da coleta e disposto em lixeiras ou suportes suspensos, para que a enxurrada não o leve.
É importante prestarmos mais atenção na forma como descartamos nosso lixo. O futuro do planeta e a continuação da nossa espécie depende muito disso, a longo prazo.
Ao evitar sacolas plásticas, onde colocar o lixo doméstico?
Desde seu lançamento, em junho de 2009, a campanha Saco é um Saco, do Ministério do Meio Ambiente (MMA), ajudou a evitar 800 milhões de sacolas plásticas no Brasil. Este número corresponde apenas às sacolas evitadas pelas três maiores redes de supermercado do país e significa 5,4% dos 15 bilhões de sacolas plásticas produzidas no último ano. Mas ao evitar sacolas plásticas, o que utilizar para colocar o lixo doméstico? O que usar para retirar o cocô do cachorro da calçada enquanto passeia? A Equipe Übersite conversou com a Secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA, Samyra Crespo, e esclareceu essas e outras dúvidas. Confira a entrevista exclusiva e faça parte dessa campanha!
A campanha Saco é um Saco enfatiza as consequências do descarte do saco plástico de maneira incorreta e a importância do consumo de maneira consciente. Quais situações configuram o descarte incorreto e o que vocês consideram como consumo consciente?
O descarte incorreto é aquela sacolinha jogada na rua, na natureza ou deixada de maneira displicente em latas de lixo ou outro local, permitindo que elas voem com o vento. O correto é o descarte no lixo, sem possibilidade de a sacolinha se desgarrar. Porém, só é correto até a sacola chegar ao aterro ou lixão, porque lá, por ser muito leve, ela pode voar. O descarte corretíssimo seria o encaminhamento para reciclagem – embora a efetiva reciclagem do plástico-filme (material que é utilizado para fazer a sacolinha) seja ínfima. Aí entra a importância do consumo consciente. No caso das sacolas plásticas, o consumo consciente é pegar somente a quantidade necessária, se possível recusar e adotar alternativas. Mas, se levar alguma pra casa, reutilizar ao máximo. Nosso lema é: “Recuse, reduza, reutilize”. O consumo excessivo de sacolas plásticas é que traz o problema ambiental que observamos.
É cada vez mais comum a prática do uso de sacola plástica para retirar o cocô do cachorro da calçada (enquanto o dono passeia com o animal de estimação). Com essa atitude, as vias públicas ficam mais limpas, porém, utilizam-se mais sacolas plásticas. Qual é a alternativa para esses casos?
Em outros países, a obrigação de recolher o cocô do cachorro também existe, assim como a de embalar o lixo em algo, mas o plástico não é a opção tão óbvia. No Brasil se faz esse uso – que é uma reutilização da sacola de supermercado – pela gratuidade do item, distribuído indiscriminadamente. Mas, se estamos preocupados com o lixo que geramos e deixamos no planeta – e o plástico resiste séculos – então devemos começar a avaliar alternativas. Por que não usar jornal? Papel é biodegradável e não guarda o cocôzinho pela eternidade como o plástico faz. As pessoas se acostumaram ao prático, ao fácil, ao descartável. Infelizmente, não podemos nos dar a esse luxo sendo quase sete bilhões de pessoas em um planeta finito.
A maioria das pessoas utiliza as sacolas plásticas dos supermercados para acondicionar o lixo doméstico (tanto seco como orgânico). Ao optar por sacolas ecológicas (ecobags) ou caixa de papelão para carregar as compras, o que utilizar para colocar o lixo de casa?
A questão do lixo é a que mais causa dúvidas e também se enquadra na explicação anterior: precisamos apenas repensar nossos hábitos. O lixo seco, hoje, é basicamente composto por materiais recicláveis. Esses podem e devem ser separados e encaminhados à reciclagem. Aqueles que têm coleta seletiva em seus bairros, ou observam catadores de recicláveis trabalhando, ou, ainda, têm a possibilidade de levar seus recicláveis para uma estação que os destina para a reciclagem, podem separar seus recicláveis em caixas (ou mesmo sacos grandes), depositá-los e reutilizar as caixas ou sacos em outras viagens. É sempre interessante observar como esse novo hábito vem sendo criado em outros países. Com o lixo orgânico, infelizmente, no Brasil, não temos alternativa ainda: ele precisa estar acondicionado em um saco plástico. Mas observem que, ao usar sacos plásticos só para lixo de cozinha e de banheiro, sem acondicionar peças grandes como embalagens em geral, já reduzimos significativamente a quantidade de sacos necessários. Se houver a possibilidade, sugerimos a compra de sacos de lixo feitos de material reciclado (que retiram plástico da natureza) ou biodegradáveis.
Qual a diferença entre a sacola de plástico do supermercado e os sacos de lixo de material reciclado, que são vendidos?
As sacolas de plástico do supermercado e os sacos de lixo comuns (azuis) são feitos de matéria-prima virgem, ou seja, demandam petróleo ou gás natural, dois recursos não-renováveis e finitos. Já os sacos pretos, geralmente de material reciclado, retiram o plástico já descartado de circulação e os reutilizam. Levando em consideração que produção do plástico envolve consumo de água, energia e emite poluentes, o melhor então é reciclar o plástico já produzido, consumindo assim menos matéria-prima e menos insumos (água, energia).
Em muitos locais do Brasil não existe coleta seletiva e os lixos acabam se misturando. Existe alguma alternativa nesse sentido?
A alternativa, por ora, é a mobilização social local. Reunir os vizinhos do bairro e contatar uma cooperativa de catadores que recolha os recicláveis é uma alternativa. Outra é mobilizar os políticos locais para implementação de coleta seletiva ou, ainda, instituir um sistema de coleta de recicláveis na escola do bairro, por exemplo. No plano nacional, o MMA conquistou, recentemente, a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que tramitava há 20 anos no Congresso Nacional e que trará soluções para essa questão. Se em alguns casos ainda não se pode abrir mão dos sacos plásticos pela falta de estrutura de coleta, paciência, mas esse dia vai chegar. Enquanto isso, sugerimos o uso de sacos de lixo de material reciclado.
Se o saco plástico foi utilizado com lixo orgânico (contaminando o material) é possível reciclá-lo?
A reutilização do saco plástico como saco de lixo contamina e inviabiliza a reciclagem. Além disso, a separação pós-consumo nem sempre acontece – nem em casa, nem no local onde o lixo é despejado – e mais difícil ainda é o encaminhamento para reciclagem. As sacolas plásticas têm esse baixíssimo índice de reciclagem também por esse fato.
Muito se fala sobre sacola oxi-biodegradável e bioplástico, porém pouco se conhece sobre essas alternativas. Elas realmente são uma alternativa?
Essas duas tecnologias já estão disponíveis no mercado brasileiro hoje, mas são bem mais caras. A tecnologia oxi é a inclusão de um aditivo no polietileno, que acelera a fragmentação do plástico. Não há consenso científico sobre sua real biodegradação. Até o momento, consideramos que a fragmentação do plástico é até mais perigoso, pois o plástico inteiro ainda pode ser recolhido e enviado para reciclagem. Os bioplásticos, por outro lado, são mais interessantes. São feitos a partir de matéria-prima renovável, como amido de batata ou mandioca, que são naturalmente biodegradáveis e compostáveis. Infelizmente, são muito mais caros, pois a produção no Brasil é pequena ainda. Mas seja qual for a alternativa, nenhuma delas é interessante se mantivermos o nível de consumo excessivo de sacolas plásticas que temos hoje no Brasil e no mundo. Não há solução mágica ou única. Temos que mudar nosso comportamento, nossos hábitos.
É fato que as sacolas oxi-biodegradáveis se decompõem em 18 meses? O que acontece com o lixo que está acondicionado nela?
Preferimos falar em fragmentação, que é o que acontece com esse material, e ela é relativa. Em condições de aterro ou lixão, quando o saco plástico está constantemente sendo soterrado por novas camadas de lixo, não há luz, calor, oxigênio, ou seja, não há fragmentação. O comportamento do oxi, nestas condições, é idêntico ao do plástico comum: resistirá a séculos. O mesmo ocorre com o material orgânico nessas condições: sem luz, oxigênio e calor, mesmo um cachorro-quente pode permanecer intacto nas camadas mais profundas dos depósitos de lixo. Nas camadas superiores, realmente o plástico oxi vai se fragmentar se tiver tempo para isso – tempo suficiente para a incidência de luz, calor e oxigênio. Nesse caso, o lixo é liberado e os fragmentos de plástico podem voar com o vento, indo parar na natureza ou sobre as casas de quem morar por perto.
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